Aproximadamente cem pessoas de 10 municípios diferentes, participaram no dia 15 de junho do III Encontro de Fé e Política/Sul Fluminense e Estadual na cidade de Barra Mansa, Estado do Rio de Janeiro.
por Maria Inês Pandeló.
O Encontro foi organizado pela Equipe de Fé e Política Sul Fluminense em conjunto com o Iser Assessoria, com o tema “Políticas Públicas e a Construção do Bem Viver” e contou com a assessoria do sociólogo e coordenador do Movimento Nacional de Fé e Política, Pedro Ribeiro de Oliveira.
Durante a explanação, Pedro Ribeiro falou sobre a geopolítica mundial, exaustão da vida da Terra e das guerras atuais, que se encontra na 4ª geração ou híbridas: “se não forem tomadas medidas urgentes, haverá uma Catástrofe climático-ambiental até 2050, mas infelizmente a prioridade são os lucros das empresas e os governos Trump e Bolsonaro são emblemáticos”. Defendendo que a Amazônia que deve ser preocupação de todos, pois poderá ser o próximo alvo, Pedro destacou que o governo atual desconsidera os direitos ambientais e humanos dos povos indígenas para favorecer a mineração e o agronegócio – “Neste contexto foi intuição genial do Papa Francisco escolher o tema do sínodo dos Bispos que acontecerá em outubro – embate difícil que precisa mobilizar toda a Igreja católica – Não internacionalizar a Amazônia – amazonizar o mundo”, enfatizou.
O sociólogo destacou que nosso país é alvo geopolítico de empresas dos EUA pela exploração do petróleo e alinhamento do Brasil ao BRICS, onde uma minoria privilegiada de brasileiros muito-ricos, não aceitou mais conviver com um projeto social-desenvolvimentista dos governos Lula e Dilma e o trocaram pelo projeto “Ponte para o futuro do PSDB de privatização da exploração do petróleo e política externa alinhada aos EUA”. Com o fim do governo de Dilma Rousseff, eleição de Bolsonaro e a política econômica ultraliberal do economista Paulo Guedes, as classes trabalhadoras e os setores nacionalistas foram derrotadas por “necropolíticas”, políticas de morte do atual governo que resultam em instituições fragilizadas, estagnação da economia, agressividade contra movimentos sociais, partidos e intelectualidade de esquerda, aval à violência contra defensores de Direitos Humanos e povos originários.
Se por um lado há destruição, de outro Pedro Ribeiro enalteceu o que chamou de “sinais de vitalidade dos setores populares” como a luta e resiliência de movimentos sociais organizados, dos povos indígenas, partidos de esquerda, sindicatos e coletivos diversos. A oposição social a propostas antidemocráticas, experiências de economia solidária, cooperativas e assentamentos, cristianismo da libertação: minoritário, mas atuante, bancadas no Congresso (forte com aliança) e atuação de alguns Governos estaduais.
A construção de uma sociedade do Bem-Viver para superar as relações de mercado por relações de reciprocidade e exercer a “Decolonialidade” é também um sinal de esperança. “É necessário despir-se do pensamento imposto pela colonização moderna e pensar a partir da extrema periferia, dos povos originários que foram e são vítimas da colonização”. Considerando o Bem-Viver como uma utopia possível de ser realizada, Pedro Ribeiro, defendeu que a mesma vai além do conceito de socialismo – “uma sabedoria fundamentada na experiência da felicidade, ética exigente com direitos da terra e de sua comunidade de vida, respeito às diferenças (inclusive de outras espécies) e fim do desenvolvimentismo, que propicia morte ao ambiente.
Mesmo amadurecendo o conhecimento da conjuntura extremamente difícil que o povo está vivendo neste período histórico, os participantes se mostraram animados, pois todo encontro foi embalado por músicas, orações, e alimentações que reanimaram o corpo e o espírito na certeza de que Deus está ao lado daqueles que lutam por uma sociedade e uma vida melhor.
O trecho dito por Jesus: “Coragem, Eu venci o mundo” foi repetido em alto e bom som por todos na abertura, a oração do Pai Nosso foi rezada e cantada no final do encontro. Com certeza este momento para quem participou do encontro, tem fé e acredita na transformação será fortificante para o dia-a-dia.
A região Sul Fluminense enviará dezesseis participantes ao 11° Encontro Nacional de Fé e Política em Natal/RN em julho deste ano – novas energias ainda serão compartilhadas no próximo mês.
Maria Inês Pandeló – Movimento Fé e Política Sul Fluminense.