La Historia no Camina al Ritmo de Nuestra Impaciencia
Luiz Alberto Gomez de Souza *
Esta frase, cheia de significado, está num dos últimos escritos do grande poeta espanhol Antonio Machado, ao partir para o exílio ao final da guerra civil, cruzando a fronteira com sua mãe moribunda. Ele próprio morreria dias depois. Em texto que escrevi nas primeiras horas da madrugada do dia 30 eu, que vivera o golpe no Brasil – quando fui preso logo no dia 4 de abril de 1964 – e depois o golpe no Chile – onde meu estatuto de funcionário internacional das Nações Unidas protegeu a mim e a minha família, parti para o México uns meses depois-, perguntava: virá outro golpe? Sim, dois golpes militares e agora um golpe parlamentar. Este, de certa forma mais insidioso, pois travestido de pseudolegalidade – as liturgias processuais cumpridas na forma, ainda que não escondessem sua profunda ilegitimidade, ao depor uma presidenta eleita pelo voto e acusada por quatro pretextos menores e irrelevantes, reduzidos a pó pelas afirmações contundentes de Dilma Rousseff que, valente e com competência e firmeza, enfrentou por horas seus acusadores.