Bem-Viver é tema de Seminário de Fé e Política em Fortaleza

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por Névio Fiorin.

O Movimento Nacional Fé e Política realizou nos dias 4, 5 e 6 de maio em Fortaleza um Seminário sobre “Políticas Públicas, Ética e Práticas Sociais na perspectiva do Bem-Viver”. Participaram da atividade 85 pessoas, de 14 estados de todas as grandes regiões do país, articuladoras e articulares de escolas de Fé e Política, de pastorais sociais, junto com a coordenação nacional do MF&P. Pastores/as, padres se juntam a uma presença massiva do laicato.

O encontro teve início na sexta-feira, dia 04 de maio com Análise de Conjuntura Nacional e terminou no domingo dia 06 de maio com uma conversa sobre o 11º Encontro Nacional. O Seminário faz parte do projeto Mais Trinta, em comemoração aos 30 anos do Movimento Fé e Política, em 2019.

Contribuíram na reflexão o professor da UFMG Juarez Guimarães falando sobre a crise política e a Pastora Romi Bencke, presidente do CONIC, completou a análise falando da conjuntura a partir das igrejas e religiões. Esta contribuição será publicada em nosso site para contribuir na partilha e reflexão dos grupos.

Segue um apanhado de alguns pontos que merecem destaque na análise do professor Juarez Guimarães que iniciou afirmando que 2018 está marcado pela perseguição e prisão do presidente Lula. Vivemos uma contrarrevolução neoliberal. Trata-se de um fenômeno internacional. Só podemos entender o que se passa aqui se fizermos conexão com os movimentos do capital.

 

Até agora não houve nenhuma cisão importante no grupo do golpe que derrubou a presidenta Dilma. Seguimos a posição de Vanderley Guilherme dos Santos para quem o golpe foi dado no parlamento, com cobertura judicial e legitimação midiática, de caráter fascista e geopoliticamente apoiado pelos Estados patrocinadores de políticas neoliberais. Os rastros deles estão por todo lado, já identificados pelos historiadores.

O golpe aconteceu porque eles não foram capazes de vencer as eleições. Por isso o golpe é ilegítimo. A caracterização, feita por bons juristas, é que estamos num estado de exceção, de violação generalizada dos direitos humanos.

 

2018 está sendo um ano de muita violência porque o golpe legitima os fascistas e criminaliza os movimentos sociais. Fernando Henrique Cardoso (FHC), o principal intelectual do golpe, fornece uma razão da barbárie com a ideia de que o PT teria organizado um assalto ao Estado.

O nosso grande problema é que estamos ganhando a batalha da opinião pública, mas estamos fracos nas ruas. Estamos bem posicionados, dado o grau de rejeição ao golpe, mas precisamos criar um movimento de base.

O novo cativeiro do povo

O Sistema prisional já era ruim. Agora com a contrarrevolução neoliberal será um caos. Estamos perto de uma condição trágica. Vivemos a maior crise econômica e social do país. Ela só aparece na mídia de forma fragmentada, isolada da sua gênese, que é o sistema neoliberal. O país está em processo de destruição. São quatro elementos que jogam a economia no buraco:

  • Demanda interna diminuída;
  • Investimentos públicos em baixa;
  • Exportações em queda;
  • Taxa real de juros dentre as maiores do mundo apesar da redução da taxa Selic.

Penso que Teologia da Libertação tem uma responsabilidade neste momento. O golpe não é invencível. Eles são fortes na força e fracos na formação de maioria. Devemos trabalhar nas bases a democracia, o plebiscito revogatório das Emendas constitucionais do ano passado. Trabalhar pela unidade das esquerdas. Juntar as religiões. Colocar a Unidade como prioridade número 1. Superar divisões. Fazer a disputa da comunicação. 30 milhões de pessoas acompanharam a caravana do Lula no Nordeste. Isso aconteceu porque todas as mídias alternativas se juntaram. Temos que juntar, escrever mais. Promover o Congresso do Povo para formar organizadores do povo.

A esquerda brasileira pecou muito em relação aos direitos humanos, por achar, como Marx, que eram burgueses. Aqui foi Dom Paulo e Dom Helder que colocaram na agenda das esquerdas a defesa dos direitos humanos.

Estou convencido que a Teologia da Libertação assumindo a proposta do Bem-Viver, pode ser uma grande construtora de utopia. A Teologia da Libertação tem raízes históricas, força e vontade proféticas para vencer esse quadro. O Movimento Fé e Política já tem o maior personagem da luta pela libertação de Lula que é Leonardo Boff.