Amor cura a Vida

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Por Eduardo Crochet
Movimento de Trabalhadores Cristãos – Juiz de Fora

Na semana em que foi denunciado que, para certas autoridades, a vida de um brasileiro vale menos que um dólar, nosso ardor de cristãos contra a cultura da morte deve ultrapassar a barreira da indignação e nos colocar em missão com atos e testemunhos, mas também, com palavras de vida porque se fazem muito necessárias!

O Evangelho do último domingo nos levou a refletir sobre as doenças do corpo e da alma e sobre os caminhos de cura que Jesus nos aponta. Todos estamos enfermos desse tempo que nos confronta e nos desafia a superar o grande vírus da indiferença e do egoísmo, mais potentes porque potencializadores da Covid-19, afirma o Papa Francisco. “A maior doença da vida é o câncer, a tuberculose, a pandemia? Não…” disse o Pontífice. “É a falta de amor é não conseguir amar. Esta pobre mulher, descrita na leitura, estava doente pela falta de amor. E a cura mais importante é a dos afetos.” E continuou: “Jesus nos pede um olhar que não se detém na exterioridade, mas vai ao coração; um olhar que não julga, mas é acolhedor. Porque só o amor cura a vida.”

No entanto, a cultura da morte tem arrastado as pessoas para o julgamento e a condenação baseados em preconceitos e no ódio, potencializados pelos espetáculos midiáticos e pela desinformação. Só assim podemos compreender que cristãos tenham comemorado a execução de um homem, sem cobrar justiça para quem encomendava seus crimes.

Como compreender quem minimiza a tragédia de mais de 500 mil mortos no país ao tentar desastradamente fazer malabarismos estatísticos enganosos, questionando a seriedade de quem assina um laudo de causa mortis? Para além da indignação e da revolta, o Evangelho afirma que tais pessoas merecem misericórdia e acompanhamento espiritual, enquanto os familiares e amigos das vítimas merecem contar com nossa acolhida e afeto, diante de uma dor muito maior que os números!

Em carta ao padre James Martin, que realiza seu trabalho pastoral entre as pessoas LGBTQIA+, o Santo Padre afirmou que “’estilo’ de Deus tem três traços: proximidade, compaixão e ternura” e que temos que desenvolver “a capacidade de estar perto das pessoas com aquela proximidade que Jesus tinha e que reflete a proximidade de Deus”.

E nos convida a ter atitude dos apóstolos celebrados na última terça. “Pedro e Paulo não acreditavam em palavras, mas nos atos. Pedro não falou de missão, era pescador de homens; Paulo não escreveu livros eruditos, mas cartas vivas, enquanto viajava e testemunhava,” twittou Papa Franciso.

Diante da cacofonia de certas autoridades, ouçamos os verdadeiros pastores, como Pedro e Paulo do Brasil, que nos falam desse amor revolucionário com que Jesus nos ama e nos exorta a amar. “Mesmo com todos os males presentes no mundo por meio das ações humanas, a cristã e o cristão são chamados a caminhar de esperança em esperança”, dizia Dom Paulo Evaristo Arns. “Por meu povo em luta, vivo, por meu povo em marcha, vou. Tenho fé de guerreiro e o amor de revolução”, testemunhou Dom Pedro Casaldáliga. Estar junto dos que sofrem dos males sociais, físicos e espirituais é ter a coragem de escolher a Vida!

Foto de capa: Ateliê15